E estou ensaiando pra escrever esse texto desde então. Porque eu não sabia nem por onde começar. Mas agora, que já consegui esclarecer algumas coisas, é mais fácil.
Percebi mais uma vez, esses dias, o quanto a maioria das pessoas sabe muito pouco de mim. As pessoas sabem quem eu sou hoje, mas não sabem quem eu fui, não sabem como meu raciocínio funciona e nem todas as coisas que já senti, pensei e decidi pra ser desse jeito. Me compreendem, mas só em parte.
Analisando minha vida até aqui, já que analisar é o que faço de melhor, e explicando de uma maneira simplificada, posso dizer o seguinte: tive uma vida confortável, se pensarmos em estrutura. Meus pais me proporcionaram um ambiente familiar excelente, pelo qual sou eternamente grata, em vista de todas as coisas que já vi por aí. Não tive grandes dificuldades, não tive que começar a trabalhar adolescente, pude viver minha irresponsabilidade até o limite. Não tenho o que reclamar. Sempre tive amigos também. Tá, na escola foi mais complicado por um tempo, mas sempre tive meus poucos e bons amigos (inclusive a maioria dos que realmente importavam são amigos até hoje).
Ou seja, eu tive tudo na mão pra crescer como uma pessoa completamente feliz. Exceto que eu não fui.
Eu surtei muito cedo, por achar que não era boa o suficiente. Achar que não merecia tudo aquilo. Me achava uma pessoa infantil, com crises estúpidas (e minhas crises eram estúpidas mesmo!), e que o mundo seria um lugar melhor sem mim. E eu achava isso de verdade, não era uma tentativa de chamar a atenção. De certa forma isso ficou tão intrínseco na minha personalidade que disso veio meu constante hábito de achar que estou incomodando as pessoas, meu costume de tentar passar o mais despercebida possível, em qualquer situação. Ou, se for pra me notarem, que seja de uma maneira que ninguém possa me alcançar ou que não interfira na vida de ninguém (como nas vezes em que me visto feito uma louca e saio andando sozinha por aí...).
E nesses surtos, foram meus poucos e bons amigos que me trouxeram à realidade (junto com meus 3 anos de terapia)... e eventualmente eu confundi as coisas, com um deles.
Primeiro amor é uma coisa bizarríssima. A gente pula de cabeça do precipício achando que o chão não vai chegar nunca. E de certa forma eu sei que foi o amor mais puro que eu já senti na minha vida, o mais próximo que eu poderia chegar de um amor incondicional (não tenho filhos, se algum dia tiver, aí sim amarei alguém incondicionalmente)...
10 anos se passaram, sem que esse sentimento morresse. E nesse período... entre todas as decepções que um amor não-correspondido pode trazer, eu não fiquei somente em cacos. Eu fui reduzida ao pó... completamente além de qualquer possibilidade de reparo.
Só que quando nosso emocional é destruído dessa forma, nem por isso o corpo deixa de viver... e eu precisei me reconstruir, de alguma maneira. E eu precisei procurar outra matéria pra isso. E foi aí que eu me tornei uma pessoa completamente diferente.
Não deixei de sentir. Não deixei de amar. Nem de me importar. Mas vamos dizer que, numa analogia pobre mas verdadeira, se antes eu era feita de cristal, hoje sou feita de acrílico. Ou seja... eu ainda quebro, mas é mais difícil... sofro uns arranhões só, na maioria das vezes.
E daí eu chego á todas as coisas que estou vivendo atualmente, entendendo tudo com mais clareza. Até tudo isso acontecer, eu não tinha noção dessa resistência "recém-adquirida". Às vezes acho que estou me envolvendo com as pessoas através da proteção de uma jaula transparente (de acrílico mesmo, derrepente), onde todo mundo pode me ver, saber das minhas reações, olhar nos meus olhos... sem nunca me alcançar de fato. Claro que algumas pessoas tem a chave da jaula, e entram e saem quando bem querem... quer dizer, só duas pessoas, na verdade. O resto está a mercê daquilo que eu decido tornar vulnerável ou não, e esse "controle" de mim mesma também é algo novo pra mim.
E sinceramente? Ainda bem que hoje as coisas são assim. Porque se não fossem... minha vida nesse momento estaria muito mais complicada. Só vamos ver se não vai vir ninguém com uma britadeira pra colocar a jaula abaixo.... rs...
Estou: Feliz com minhas escolhas
Quero: Falar com o Renan logo...
Saudades de: meus pais, mais do que tudo nesse momento.
Ouvindo: Barão Vermelho - Pedra, flor e espinho.
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